Ferramentas de riscos climáticos 

A CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) vai lançar na próxima semana duas ferramentas de mensuração de riscos climáticos no setor de seguros brasileiros. O objetivo é auxiliar as seguradoras brasileiras na identificação e gestão dos riscos e oportunidades relacionados ao clima.

De acordo com a entidade, os recursos “Mapa de Calor de Riscos Climáticos Físicos” e a “Ferramenta de Cenários de Perdas Climáticas por Inundações Urbanas”, que são disponibilizados para as seguradoras, marcam o desfecho do projeto ‘Construindo Seguros para a Transição Climática’ — uma iniciativa desenvolvida inicialmente em escala global pela UNEP FI, o braço financeiro das Nações Unidas dedicado às questões climáticas.

As ferramentas também ajudarão às seguradoras no cumprimento das exigências estabelecidas pela Circular nº 666, da Susep (Superintendência de Seguros Privados).

Ana Paula de Almeida, diretora de sustentabilidade e relações de consumo da CNseg, explica que o setor desempenha um papel fundamental na mitigação e diluição do risco climático, oferecendo proteção contra perdas financeiras e viabilizando a continuidade de negócios em um mundo em transformação. Para a executiva, ao adotar abordagens inovadoras e direcionadas ao contexto brasileiro, as seguradoras poderão assumir a liderança da adaptação à transição, atendendo às demandas emergentes e auxiliando seus clientes a enfrentarem os desafios das mudanças climáticas.

“As ferramentas elaboradas são fundamentais para que o setor de seguros brasileiro esteja familiarizado com melhores práticas internacionais relacionadas a avaliação de riscos climáticos físicos, municiando gestores no melhor gerenciamento de riscos para proteção de pessoas e patrimônio contra os efeitos econômicos negativos causados pelas mudanças climáticas”, comenta a diretora da CNseg.

Segundo a CNseg, a ferramenta de “Mapa de Calor” oferece uma visão abrangente da exposição geográfica do Brasil a perigos climáticos físicos, considerando aumentos de temperatura global de 2°C e 4°C em horizontes temporais de 2030 e 2050. Cada localidade foi categorizada com níveis de perigo alto, médio ou baixo, resultando em um mapa de calor que destaca a magnitude relativa da exposição a cada perigo físico.

O mapa dispõe de uma opção de visualização da distribuição dos riscos climáticos, por nível de risco. Assim como na visualização no formato de tabela, existem granularidades geográficas distintas, ou seja, mapas que contemplam a distribuição nacional, regional e estadual dos riscos. A partir da visualização cartográfica é possível determinar quais as regiões mais expostas a determinado risco climático físico, orientando as seguradoras sobre as necessidades de suas linhas de negócio nas diferentes regiões do país.

Em uma rodada amostral com 21 seguradoras, considerando os estados do Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, notou-se que o cenário de aumento de 4°C em 2050 traz um risco maior para ondas de calor e mudanças crônicas de temperatura na maior parte das regiões. Inundações urbanas e as ondas de frio possuem risco médio de ocorrência em todos os locais e cenários. A intensidade de vento e a variabilidade sazonal tem risco alto em 18 combinações de dados. Quanto as ondas de calor e as mudanças crônicas de temperatura, há uma possibilidade média de ocorrência em 19 e 25 cruzamentos de dados, respectivamente.

A outra plataforma é a ferramenta de “Cenários de Perdas Climáticas por Inundações Urbanas para o Brasil”, segue a modelagem da Curva de Probabilidade de Excedência Agregada. Essa abordagem gráfica combina a probabilidade de ocorrência de múltiplos eventos ao longo de um período de retorno de 5 a 1.000 anos, proporcionando uma estimativa das perdas econômicas para as seguradoras. Os resultados podem variar entre um decréscimo de um terço a um aumento de cinco vezes em relação às perdas atuais, dependendo da localização, do cenário climático e do ano.

As ferramentas permitem às seguradoras avaliarem inicialmente os riscos climáticos em seus portfólios, reconhecer áreas de maior exposição e alocar recursos de forma mais eficiente. “Elas também podem ser o lastro para o desenvolvimento de soluções e o fortalecimento da resiliência do setor diante dos desafios climáticos em constante evolução, promovendo então um futuro mais sustentável no Brasil”, explica Ana Paula.

A utilização prática dessas ferramentas ocorre por meio de planilhas de Excel, onde os usuários podem inserir as informações de seus negócios. Como resultado, conseguem identificar as necessidades relacionadas à adaptação de suas linhas de negócio e estratégias específicas para diferentes regiões do país.

Fonte/Imagem: InfoMoney/Internet