Confira como essa fórmula pode ser usada para avaliar os seus investimentos
Criado na década de 1960 pelo matemático e estatístico William Sharpe, o Índice de Sharpe – em homenagem ao seu criador – é uma fórmula amplamente conhecida por investidores do mundo todo, sendo bastante utilizada para avaliar o desempenho de ativos, sobretudo dos fundos de investimento.
O índice surgiu como forma de responder a um questionamento fundamental: qual investimento entrega a maior rentabilidade a partir do menor risco? Muitas vezes, na hora de escolher um produto para compor seu portfólio, o investidor tende a olhar diretamente para o retorno que aquele ativo oferece.
No entanto, os estudos de Sharpe mostram que essa avaliação também precisa incluir a volatilidade de cada um dos investimentos.
Imagine que a média da rentabilidade de 2 fundos de investimentos de mesma classe em um período de 12 meses foi de 10%. Olhando para um gráfico que mostre o desempenho dos 2 fundos ao longo desse período, você percebe que, apesar da mesma rentabilidade em um ano, um oscilou mais do que o outro no decorrer deste intervalo.
O nível da cada oscilação é o que o mercado chama de desvio padrão de um investimento. Se o desvio padrão do Fundo A foi maior que o do Fundo B, podemos dizer que o primeiro entregou ao investidor a rentabilidade de 10% com muito mais sofrimento do que o segundo.
Embora seja preciso lembrar sempre que “rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura”, quando você olha os dois gráficos acima, qual dos dois produtos financeiros parece ter a melhor relação entre risco e retorno?
É por essa razão que o Índice Sharpe, que considera a volatilidade dos ativos (ou o desvio padrão) como variável na sua fórmula, funciona como um bom indicativo para classificar os investimentos.
Como calcular o índice de Sharpe?
Entendendo essa necessidade de avaliar a relação entre os riscos e o retorno de um ativo, William Sharpe desenvolveu a seguinte fórmula:
S = (Ri – Rf) / (σi)
Onde:
- S: Índice de Sharpe
- Ri: Retorno do ativo
- Rf: Retorno livre de risco (no Brasil, usamos a Taxa Selic)
- σi: Risco do ativo (desvio padrão)
Vamos a uma outra situação hipotética para que o cálculo fique mais claro. Para nossa simulação, vamos utilizar uma rentabilidade de 20% para o fundo A, com desvio-padrão de 5%, e de 23% para o fundo B, com desvio padrão de 8%. Em ambos os casos, a Taxa Selic será simulada em 12%, para simplificar os cálculos.
Fundo A
- S = (20 – 12) / 5
- S = 8 / 5
- S = 1,6
Fundo B
- S = (23 – 12) / 8
- S = 11 / 8
- S = 1,375
Com base na nossa simulação, o Índice de Sharpe do Fundo A é de 1,6 e o do Fundo B, de 1,375. Isso mostra que, apesar da rentabilidade do fundo B ser maior (23%), o fato de seu risco (ou desvio padrão) também ser superior, acaba transformando o Fundo A naquele com capacidade de entregar uma melhor rentabilidade na relação entre risco e retorno.
Veja um outro exemplo:
Interpretação: No Fundo A, para cada 1% de risco assumido, o investidor teria 2% de retorno, enquanto que, no Fundo B, para cada 1% de risco, esse retorno seria de 2,3%. A melhor combinação Risco X Retorno é do Fundo B.
E como interpretar o valor do Índice de Sharpe?
Como boa parte dos índices, o método desenvolvido por Sharpe também tem seus números de referência. Os ativos que apresentam um Índice de Sharpe maior que 1 são considerados ótimos.
Um índice entre 0,5 e 1, representa um fundo bom e que oferece certa consistência em seus resultados.
Já aqueles que ficam na faixa entre 0 e 0,5, sinalizam um fundo que não consegue entregar um resultado acima do ativo livre de risco (ou seja, o fundo perderia para um título atrelado à Selic).
Um Índice de Sharpe negativo representa um ativo que oferece rentabilidade alta a um risco bastante elevado.
Em teoria, quanto maior o valor do índice, melhor é o fundo na análise entre risco e retorno. No entanto, fundos com um Índice de Sharpe muito elevado tendem a atrair um grande número de investidores, o que eleva, também, o patrimônio sob gestão do fundo e acaba dificultando as estratégias para manter uma boa rentabilidade a um baixo risco.
Por isso, é muito comum encontrar fundos com um alto Índice de Sharpe fechados para novos cotistas. Por fim, apesar do índice de Sharpe ser bastante utilizado pelo mercado e apresentar uma boa forma de avaliar os ativos, é importante ressaltar a necessidade de levar em consideração outros aspectos antes de definir uma linha de investimento, como a estratégia de diversificação e o perfil de investidor.
E aí, já se sente um especialista em Índice de Sharpe?
Fonte/Imagem: BoraInvestir/Internet